domingo, 13 de janeiro de 2013

Realização do Projeto



Sobre a capa e contracapa:

Na capa da publicação devem constar as seguintes informações: Título da publicação, nome do grupo (coletivo de artistas), data (mês e ano), nº da publicação. Na contracapa deve constar: o nome dos autores da publicação, bem como alguma imagem que os identifique e que páginas lhes correspondem. 


Podem consultar o exemplo da revista PhotoStatic desenvolvida por vários artistas, principalmente durante os anos 80 do século passado, que exploravam a, então recente, fotocopiadora como meio para criar imagens e realizar publicações de uma forma acessível. 


Aqui podem encontrar diversas capas de diferentes números da PhotoStatic, todas elas graficamente diferentes.   



Exemplo de capa do nº 5 da PhotoStatic.

Neste exemplo a capa é formada por diferentes imagens, cada uma delas correspondendo a uma letra do título da revista. 




Conceção do projeto de publicação





A presente fase é dedicada à concepção do projeto de publicação de cada grupo. Publicação pressupõe o livre acesso de várias pessoas a determinado conteúdo tornando-o público. A concepção do projeto de publicação parte da recolha de imagens e textos realizada na fase 0 e da sua apropriação, tendo em conta os processos de apropriação abordados na fase anterior. O grupo deve avaliar a sua disponibilidade e entrega, concebendo um projeto que lhes corresponda e com o qual todos os elementos do grupo se comprometam.
Na conceção do projeto cada grupo deverá definir os seguintes aspetos:

.Título da publicação: o título pode, ou não, ser definidor de um tema. Pode relacionar-se de forma direta com os conteúdos ou métodos utilizados, ou de uma forma mais indireta, exigindo mais do leitos. Pode ser escolhido no início do projeto, orientando para um determinado campo de trabalho, ou definido no final, surgindo da observação dos trabalhos realizados como elemento agregador.      
.Formato da publicação: a publicação pode assumir a forma de livro ou de desdobrável. O seu tamanho deve ser definido tendo em conta o custo de impressão.
.Número total de páginas, e, no caso de serem realizadas individualmente,  número de páginas por cada elemento do grupo: a quantidade de páginas por elemento de grupo não tem de ser necessariamente a mesma, dependerá antes do contributo de cada um. No entanto, não deve ultrapassar as quatro páginas. Assim num grupo constituído por cinco elementos o número de páginas pode variar entre as cinco e as vinte páginas, para além da capa e contracapa. 
.Estratégia: podem existir várias estratégias de trabalho, a sua escolha deve ter em conta os interesses e disponibilidade de todos os elementos do grupo. Deve ser definido se o trabalho será realizado colectivamente, por exemplo, cada página pode ter a intervenção de cada elemento do grupo, ou individualmente, sendo cada elemento responsável por um determinado número de páginas. Se há partes da publicação desenvolvidas em grupo ou por mais de um elemento, como por exemplo a capa e contracapa (neste caso deve ser definido em que momento serão realizadas), e outras realizadas individualmente. Se as imagens são realizadas por determinados elementos do grupo e o texto por outros, etc. 
.Coerência da publicação como um todo: de que forma esta será estabelecida: através de um tema comum? (Atenção, não tem que existir necessariamente um tema para o projeto, individual ou coletivo, o fio condutor pode ser mais intuitivo e inconsciente). Através da incorporação de um elemento (palavra, imagem, forma, cor, etc.) comum em todas as páginas? Afirmando-se a individualidade do trabalho de cada um? A incoerência deliberada, desde que assumida, também pode ser uma forma de coerência tornando-se assim o tema da publicação.   
.Divisão de tarefas e definição de prazos: é importante que o grupo defina responsabilidades para cada elemento, por exemplo quem faz a capa, a contra-capa e as páginas, quem fica responsável por trazer determinado material, por personalizar a página do grupo no blogue, etc. A definição de prazos é igualmente importante na gestão do projeto, para que este seja concretizado atempadamente. Assim sendo deve ser definido: o prazo para a realização das páginas;  o momento e prazo para a realização da capa e contra-capa, um momento de diálogo entre o grupo sobre as páginas realizadas avaliando-se a execução das mesmas e possíveis alterações ou faltas.

Elaborem um pequeno texto de apresentação do projeto que pretendem desenvolver referindo os seguintes aspetos: título da publicação, formato da publicação, número total de páginas, estratégia de trabalho, coerência do projeto, divisão de tarefas e definição de prazos.

terça-feira, 8 de janeiro de 2013

Processos de Apropriação III




Texto
Montagem aleatória


O cut-up é uma técnica de escrita aleatória popularizada por William Burroughs, escritor norte americano icone da geração beat, mas cuja utilização remonta pelo menos aos dadaístas. A técnica consiste na utilização de palavras ou excertos de textos retirados do jornal ou livros e depois reorganizados ao acaso formando frases inesperadas. O video que se segue é um exemplo de aplicação da técnica do cut-up, mas esta pode ser aplicada de diferentes formas, por exemplo retirando ao acaso palavras de um recipiente e escrevendo-as segundo a ordem com que foram retiradas. Este processo de escrita tende a afastar o artista enquanto autor que escolhe cada pormenor da sua obra. 

O cut-up pode também ser aplicado na montagem de imagens. 





O retirar palavras ou frases de outros contextos como processo de escrita foi utilizado por escritores com T.S. Eliot no poema The Waste Land, ou por Walter Benjamin, escritor e filósofo alemão, no inacabado Arcades Project. 




Texto e imagem:


Os exemplos que se seguem mostram diferentes formas de exploração da relação entre texto e imagem. No primeiro exemplo as letras e números são usadas como elementos gráficos e não tanto pelo que significam. No segundo exemplo as letras usadas formam a palavra dada, continuamente repetida, estas relacionam-se de forma estreita com a figura. A legibilidade e significado da palavra têm um valor equivalente ao da sua presença no que diz respeito à composição gráfica. No terceiro exemplo as palavras utilizadas, embora apareçam separadas, formam uma frase cujo valor está na mensagem que veicula. Barbara Kruger joga com dois tamanhos de letras atribuindo à frase duas leituras. Nos três exemplos, figuras e texto relacionam-se de forma complementar contribuindo de igual modo para a construção de sentidos.



Raoul Hausman, ABCD, 1923-24



George Grosz e John Heartfield, The Worlddada Richard Hulsenbeck, 1919





Barbara Kruger, Untitled (You are not yourself), 1982






segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

Processos de Apropriação II

Intervenção sobre uma imagem

(Re)corte:



John Stezaker, The Voyer, 1979 (esquerda) e Blind, 2006 (direita)


Ruth Claxton, Postcard (Lady Elizabeth Felton), 2007 (esquerda) e Postcard (study), 2011 (direita)  

John Stezaker e Ruth Claxton transformam o sentido de uma imagem através do simples corte. Stezaker apropria-se frequentemente de postais, imagens de filmes e de publicidade, nos dois exemplos mostrados o artista transforma o sentido das imagens, ora através do recorte de uma figura em silhueta torna presente um espectador, Voyer, ora através do simples corte e sobreposição. Claxton realiza intervenções sobre postais de pinturas antigas. Explora e transformando aspectos compositivos das imagens, ao fazer cortes superficiais sobre estas introduz novas formas e linhas na imagem. 


Pintura, desenho e colagem:


Marcel Duchamp, L.H.O.O.Q, 1919.


L.H.O.O.Q ( "Elle a chaud au cul" ) é uma paródia ao ícone da pintura ocidental renascentista, A Gioconda (a sorridente) de Leonardo da Vinci (1503-1506). Duchamp apropriou-se de uma cópia, um postal de fraca qualidade, da popular pintura e, sobre ela, desenha um fino bigode e pêra, brincando com a noção de travestismo. O próprio Duchamp adotara o pseudónimo femenino Rose Sélavy, fazendo-se retratar como mulher. Em L.H.O.O.Q, Duchamp prossegue no trilho da anti-arte caraterístico do movimento Dada que considerava a "arte" como espaço de liberdade individual e de transgressão de convenções. 




John Baldessari, Puzzle-Two views, 1989 (esquerda) e Person with Guitar (Red), 2005 (direita).

John Baldessari (1931), artista conceptual norte americano, explora nos seus trabalhos o potencial narrativo das imagens em relação com o poder associativo da linguagem, havendo por isso uma relação estreita entre obra e o título. Nos dois exemplos aqui mostrados, Baldessari intervém sobre imagens apropriadas pintando, ora formas circulares em sítios específicos como podemos ver no exemplo à esquerda, ora pintado figuras existentes nas imagens (imagem à direita). 



Em 2011 foi realizado um breve documentário em sua homenagem:


A Brief History of John Baldessari from Supermarché: Henry & Rel on Vimeo.
like us at http://www.facebook.com/henryandrel

The epic life of a world-class artist, jammed into six minutes.
Narrated by Tom Waits.
Commissioned by LACMA for their first annual "Art + Film Gala" honoring John Baldessari and Clint Eastwood.

directed by Henry Joost & Ariel Schulman (http://gosupermarche.com/)
edited by Max Joseph (http://www.maxjoseph.com/)
written by Gabriel Nussbaum (http://www.bankstreetfilms.com)
cinematography by Magdalena Gorka (http://magdalenagorka.com/)
& Henry Joost
produced by Mandy Yaeger & Erin Wright

Thank you to John Baldessari and his studio. (http://www.baldessari.org/)







Chad Wys, Vanish, 2012.

Chad Wys, Venus in a Burka, 2011


Chad Wys, artista norte americano nascido em 1983, considera que os seus readymade "frequently deal with the re-contextualization of decorative art objects.  By retooling the object and then re-presenting it before the viewer I intend to add new layers to the conversation that takes place between the observer and the object in its original state. By reclaiming these objects I mean to acknowledge how our possessions (can/do) define us. In so many innumerable ways the bric-a-brac of our lives becomes a unit of measure of our own worth—I wish to subvert this measure.  I enjoy infiltrating this territory of being and I revel in pointing to the superficial and the wonderfully imperfect character traits in all of us.



Ellen Gallagher, DeLuxe, 2004

Ellen Gallagher, artista norte americana, intervém de forma sistemática sobre imagens de publicidade retiradas de revistas direcionadas para um público afro-americano, envolvendo no seu trabalho questões relacionadas com as minorias étnicas.  







Exercício 4:

Intervém sobre uma imagem usando procedimentos e materiais à tua escolha, desde que não sejam outras imagens. Procura que a imagem original não se perca completamente e que a intervenção seja indutora de novos sentidos ou subverta sentidos já presentes nas imagens ou relacionados com o contexto cultural ou social em que se inserem.  




domingo, 6 de janeiro de 2013

Processos de Apropriação I



Considerando os exemplos mostrados a seguir e partindo da recolha realizada na Fase 0 do projeto, realiza os seguintes exercícios procurando explorar aspetos formais, compositivos e semânticos. Utiliza como suporte folhas de papel com formato e tamanho adequado ao tamanho das imagens escolhidas.

Montagem:

Associação de duas imagens (ou fragmentos destas).



Noé Sendas, The Collector, 2007

Neste exemplo, o artista português Noé Sendas associa dois auto-retratos de artistas de distintos períodos artísticos: Francisco Goya (1746-1828), pintor espanhol do período Romântico, e Bruce Nauman (1941), artista contemporâneo. A partir da combinação da duas imagens, assente à primeira em encontros formais, o artista expande e transforma os seus sentidos possíveis. Esta imagem integra a série O Colecionador

           Heartfield, Hitler, 1932.  


Heartfield (1891 - 1968), artista do modernismo alemão pertencente ao grupo Dada, utiliza a montagem fotográfica para fazer sátira política. Na imagem em cima Heartfield retrata Hitler recorrendo a dois elementos distintos:  orelhas e a parte detrás de umas calças vestidas.  



 Dani Sanches, Pela Metade, 2010


Dani Sanches, artista espanhol, estabelece uma interessante relação entre dois recortes, relação que o suporte de cartão ecoa.


Exercício 1:

Constrói uma imagem a partir da associação de duas imagens ou de dois fragmentos destas.




Associação de fragmentos de várias imagens (mais de duas).


Hannah Höch, The Coquette, 1923.

Hannah Höch (1889 - 1978), artista modernista alemã pertencente ao grupo Dada, constrói uma imagem utilizando fragmentos de figuras recortadas de várias imagens sem que estas deixem de ser identificáveis, ou seja, utiliza formas presentes nas imagens originais. Höch atribui, por exemplo, diferentes cabeças aos corpos recortados.  









                                             Sammy Sabblinck, Goodbye blue sky, 2012.




Sammy Sabblinck, para além de usar figuras recortadas, a mulher e os peixes, recorta formas estranhas às imagens criando um fundo dinâmico composto por triângulos de diferentes tamanhos, recortados de imagens de paisagens. 




Exercício 2:
Constrói uma imagem a partir de várias imagens, combinado dois procedimentos distintos: a utilização de formas presentes nas imagens e o recorte (desenho) de formas estranhas a estas.







Hannah Höch, Brushflurlet, 1945


Neste exemplo as formas recortadas na imagem contribuem para dar forma a uma figura fantástica, imaginária. Os fragmentos de imagens utilizados distanciam-se do seu contexto original, são explorados aspetos mais abstratos das imagens, como a textura, a densidade, tons, movimento, etc.






Exercício 3 (coletivo):
Constrói uma imagem, em conjunto com os elementos do grupo, na qual os fragmentos de imagens utilizados se distanciem da sua leitura original, daquilo que originalmente representam.


sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

Fase 1 - Apropriação?




Objetivos:

Constituição dos grupos de trabalho, através de uma dinâmica de grupo de cooperação. A dinâmica tem como objetivo a sensibilização para aspetos do trabalho em grupo, como a atenção ao outro, a cooperação e a iniciativa própria. Os grupos devem ser constituídos por cinco a oito elementos cada. Cada grupo de trabalho será responsável pelo desenvolvimento e concretização de um projeto de publicação. A cada elemento do grupo deverá corresponder no mínimo uma página e no máximo quatro.  

Introdução do conceito de apropriação através da abordagem da obra La Fountain (1917), de Marcel Duchamp e Self-Portrait as a Fountain, de Bruce Nauman (1966-67). 

Abordagem de temas relacionados com o processo artístico de apropriação, como: autoria, originalidade, reprodução. Mostra de exemplos de processos de apropriação. 

Exploração de diferentes processos de apropriação através de exercícios individuais e coletivos.  

Duração: 180min. (duas aulas).

Material: Imagens e textos previamente recolhidos; papel cavalinho A3; X-ato e tesoura, cola para papel (em batom e/ou liquida) e cola de madeira; fitas adesivas variadas, papeis  variados, autocolantes e outros; lápis variados, de cor, de carvão; de pastel (óleo ou seco); canetas de feltro e marcadores; tintas, da china, guache, esmalte, etc.